A contaminação dos oceanos por resíduos de plástico, é uma das principais ameaças para a vida
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Ingestão de plástico por tartarugas-marinhas

Visita de grupo de investigação chinês às instalações da RAAlg
No final de abril, a Associação para a Conservação da Vida Aquática do Boto do Yangtzé de Nanjing

Participação na 36ª Conferência da European Cetacean Society
Na passada semana, o nosso coordenador de terreno e aluno de doutoramento, Jan Hofman, marcou
Outras notícias
Histologia de amostras RAAlg
No seguimento dos trabalhos de HISTOLOGIA têm sido utilizados vários tipos de tecidos de órgãos de cetáceos, pertencentes ao Banco de Tecidos da RAAlg.
A aplicação desta técnica passa por submeter as amostras a vários processos, de forma a possibilitar a análise coerente dos tecidos e poder diagnosticar o seu estado e função.
5 PASSOS PARA A PREPARAÇÃO DE CORTES HISTOLÓGICOS
1- FIXAÇÃO DOS TECIDOS: Processo químico que previne a autólise e a putrefação dos tecidos biológicos.
2 - COLOCAÇÃO DA AMOSTRA NUMA CASSETE: As amostras são cortadas de forma a se ajustarem a uma cassete de tecido.
3 - PROCESSAMENTO DE TECIDOS (envolve 3 etaspas distintas):
DESIDRATAÇÃO: Elimina a água presente na amostra, utilizando concentrações crescentes de etanol.
CLARIFICAÇÃO: Remove o álcool do interior dos tecidos, utilizando um solvente orgânico como o xileno.
INCORPORAÇÃO: tem como objetivo impregnar o tecido com parafina (cera), o que confere suporte mecânico à amostra, facilitanto o corte.
4 - CORTES HISTOLÓGICOS: A amostra é cortada em secções extremamente finas de tecido, utilizando um micrótomo, as quais serão colocadas numa lâmina.
5 - COLORAÇÃO: Adição de corantes (ex: hematoxilina e eosina) que darão contraste às secções de tecido, facilitando a distinção das suas diferentes estruturas.
Após o processo de coloração, é colocada uma lamela sobre a amostra de tecido na lâmina. Esta ajudará a proteger a amostra para visualização ao microscópico.
Os tecidos utilizados nas últimas análises histológicas correspondem a uma amostra de pulmão de um golfinho-roaz (𝘛𝘶𝘳𝘴𝘪𝘰𝘱𝘴 𝘵𝘳𝘶𝘯𝘤𝘢𝘵𝘶𝘴) cuja necrópsia permitiu detetar a existência de problemas ao nível do tórax. A análise da mesma permitirá avaliar a presença de possíveis lesões no pulmão e relacionar este facto com a causa de morte determinada, aquando da realização da necrópsia.

Tartaruga-de-couro (𝘋𝘦𝘳𝘮𝘰𝘤𝘩𝘦𝘭𝘺𝘴 𝘤𝘰𝘳𝘪𝘢𝘤𝘦𝘢)
A tartaruga-de-couro (𝘋𝘦𝘳𝘮𝘰𝘤𝘩𝘦𝘭𝘺𝘴 𝘤𝘰𝘳𝘪𝘢𝘤𝘦𝘢) é a maior de todas a espécies de tartarugas-marinhas, podendo atingir mais de 2 metros de comprimento e um peso acima dos 500 kg. O seu nome deve-se ao facto de não apresentar uma verdadeira carapaça, mas sim uma pele grossa e rígida de cor negra, com aspeto semelhante ao couro.
Esta espécie, de hábitos solitários, vive em mar aberto, aproximando-se frequentemente da costa para se alimentar ou reproduzir.
Apesar de não nidificarem na costa portuguesa é frequente a sua passagem pelas nossas águas, sendo a segunda espécie de tartaruga-marinha com maior registo de arrojamentos, na costa algarvia.
Desde o início de 2024 até à data, a equipa da RAAlg deu resposta a oito arrojamentos de tartarugas-de-couro, sendo seis deles registados no mês de julho.
Todos estes arrojamentos foram registados na região do sotavento algarvio, distribuindo-se entre os concelhos de Olhão (2 arrojamentos), Tavira (5 arrojamentos) e Vila Real de Santo António (1 arrojamento).
O avançado estado de decomposição da maioria dos indivíduos analisados impossibilitou a determinação das respetivas causas de morte, contudo, a recolha de dados biométricos e amostras biológicas foi efetuada em todos os animais aos quais conseguimos aceder. Apenas em um dos casos a necrópsia foi conclusiva, apontado para captura acidental, uma vez que o animal apresentava marcas de cabos em torno das barbatabas e do plastron.
Quando à maturidade dos animais em causa, o registo das biometrias permitiu concluir que todos os indivíduos eram ainda juvenis, dado que o comprimento da carapaça era menor do que 145 cm (Nicolau 𝘦𝘵 𝘢𝘭. 2016).

Resultados - 1º semestre de 2024
A recolha e análise sistemática de dados de arrojamentos contribuem para uma melhor compreensão dos desafios enfrentados pelas diferentes espécies e para a implementação de medidas de conservação.
A distribuição geográfica dos arrojamentos de cetáceos e tartarugas-marinhas pode fornecer informações valiosas sobre as populações dessas espécies, as suas migrações e os impactos ambientais e humanos que as mesmas enfrentam.
Para o período correspondente ao 1° semestre de 2024 (01/01 a 30/06), foram registados trinta e três arrojamentos de cetáceos e vinte de tartarugas-marinhas.
Relativamente aos 𝗰𝗲𝘁á𝗰𝗲𝗼𝘀 foram identificadas cinco diferentes espécies, quatro de golfinhos de uma de boto. Para as baleias, foi registado apenas um arrojamento, contudo o seu avançado estado de decomposição não permitiu identificar a espécie.
No que se refere às 𝘁𝗮𝗿𝘁𝗮𝗿𝘂𝗴𝗮𝘀-𝗺𝗮𝗿𝗶𝗻𝗵𝗮𝘀, foram registados 20 arrojamentos, sendo identificadas duas espécies diferentes.
Ao analisar os resultados das necrópsias efetuadas, razões de foro antropogénico estão na base das CAUSAS DE MORTE para ambos os grupos de animais marinhos, cetáceos e tartarugas-marinhas.
A 𝗰𝗮𝗽𝘁𝘂𝗿𝗮 𝗮𝗰𝗶𝗱𝗲𝗻𝘁𝗮𝗹 em artes de pesca continua a apresentar-se como a principal causa de morte detetada para os cetáceos resultantes de arrojamentos.
Para as 𝘁𝗮𝗿𝘁𝗮𝗿𝘂𝗴𝗮𝘀-𝗺𝗮𝗿𝗶𝗻𝗵𝗮𝘀, indícios de 𝗺𝗼𝗿𝘁𝗲 𝘁𝗿𝗮𝘂𝗺á𝘁𝗶𝗰𝗮 são encontrados em grande parte dos animais analisados. Embora as causas que as levam aos traumas sejam difíceis de determinar, suspeita-se que uma percentagem considerável destas seja também vítima de interação com pescas.
Gostaríamos de agradecer a todas as entidades que colaboram connosco, principalmente às que nos ajudam no terreno e nos permitem ter acesso aos animais arrojados. Um agradecimento especial ao ICNF e todos os seus Vigilantes da Natureza e também aos piquetes da Polícia Marítima locais, na região do Algarve.
