© Ana Marçalo

Os Arrojamentos

O que são?

Um arrojamento ocorre quando um animal marinho encalha na costa sem conseguir regressar à água pelos seus meios. Os arrojamentos de animais mortos são mais frequentes, englobando variadíssimos grupos, tais como cetáceos, tartarugas marinhas e aves marinhas, podendo encontrar-se em maior ou menor estado de decomposição. Quando arrojam vivos, os animais apresentam comportamentos atípicos por ação do stress causado pela própria condição de arrojamento. Em Portugal, como em muitos outros países, tem havido um registo crescente de arrojamentos por ano. Este padrão deve-se em muito ao aumento da comunicação de alertas destas situações por pessoas e entidades e à melhoria de redes regionais de arrojamentos, com equipas técnicas formadas e de disponibilidade permanente.

A informação que pode ser retirada destes animais marinhos arrojados representa uma contribuição científica enorme tendo em conta que são animais difíceis de monitorizar e amostrar no seu ambiente natural oceânico. Considerando que apenas uma pequena percentagem de animais que morrem efetivamente arrojam e são detetados, o interesse em estudar estas ocorrências é relevante para a comunidade científica em áreas como biologia, ecologia, medicina veterinária, poluição e gestão pesqueira. O empenho multidisciplinar que as equipas de biólogos e veterinários portugueses têm destinado aos arrojamentos, resulta num crescente acumular de informação em diversas áreas. Destaca-se um aumento do conhecimento na biologia geral, anatomia, fisiologia, patologia, contaminação (impacto de poluentes), ecologia, interação com pescas, distribuição e abundâncias de várias espécies marinhas, sobretudo no que respeita a cetáceos, tartarugas marinhas e aves marinhas.

Quais as causas?

Os arrojamentos, quer advenham de causas naturais quer antropogénicas, resultam da confusão, debilitação e até morte de animais marinhos. Estes animais tanto podem nadar ativamente como derivar até encalharem na costa. Entre as causas naturais enumeram-se doenças infecciosas e parasitárias, falta de alimento, intoxicação (associada a biotoxinas produzidas por "blooms" de algas), condições climatéricas, fenómenos oceanográficos e até comportamento individual atípico. Já a exposição a poluição química ou sonora, ingestão de lixo (ex.: ingestão de sacos de plástico por tartarugas marinhas) e o contacto directo com embarcações (colisões/abalroamento ou pescas) compreendem as mais directas causas antropogénicas. Entre estas, a interacção com artes de pesca é a que tem merecido mais atenção e suscitado crescente preocupação dadas as repercussões ambientais e económicas.

 

Golfinho enleado
© Equipa RAAlg - Golfinho-comum emaranhado em redes de pesca

 

Roaz com Erysipelothrix rhusiopathiae
© Alfredo Rodrigues - Roaz com lesões dérmicas, possivelmente por ação da bactéria Erysipelothrix rhusiopathiae

 

Hemorragia intra-muscular em Baleia
© Equipa RAAlg - Hemorragia intra-muscular em Baleia-sardinheira

 

Golfinho corte helices
© Equipa RAAlg - Golfinho-comum com cortes de hélice de embarcação

                         

tat
© Equipa RAAlg - Evidências de uma dentada no dorso de um Bôto

         

Alertas

Com a sua ajuda, de cada vez que um alerta é registado neste portal, um elemento da nossa equipa receberá um aviso por correio electrónico, contendo toda a informação submetida. Nesse momento, a equipa RAAlg irá tentar validar o máximo de informação com base no registo fotográfico providenciado pelo utilizador, sobretudo no que respeita a identificação da espécie, estado de decomposição do animal, localização do arrojamento e acessos. Caso a caso, a RAAlg determinará a necessidade de se deslocar ao local e prioritizará em função de outros alertas a decorrer em simultâneo.

Paralelamente, a equipa RAAlg tentará articular-se com a Polícia Marítima, SEPNA, ICNF, Empresas de sanidade e aterros para acompanhar, tão perto quanto possível, a remoção das carcaças para que não constituam uma ameaça à saúde pública e também para que não se perca informação de cariz científico. À medida que cada alerta é considerado resolvido, a RAAlg adicionará informação específica e validada referente à ocorrência, a ser integrada nas estatísticas gerais disponíveis na própria página.