A contaminação dos oceanos por resíduos de plástico, é uma das principais ameaças para a vida
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Ingestão de plástico por tartarugas-marinhas

Visita de grupo de investigação chinês às instalações da RAAlg
No final de abril, a Associação para a Conservação da Vida Aquática do Boto do Yangtzé de Nanjing

Participação na 36ª Conferência da European Cetacean Society
Na passada semana, o nosso coordenador de terreno e aluno de doutoramento, Jan Hofman, marcou
Outras notícias
Golfinho à deriva na barra de Portimão
Na tarde de sábado, 1 de março, recebemos a informação que se encontrava à deriva, um golfinho morto, próximo da barra de Portimão.
O alerta chegou através de um pescador que navegava no local, o qual prontamente se disponibilizou para transportar o animal para terra, para que pudesse ser analisado.
No mesmo dia, o animal foi recolhido pela nossa equipa, nas instalações do Porto de Apoio Naval de Portimão, local para o qual foi rebocado.
Tratava-se de um golfinho-comum (𝘋𝘦𝘭𝘱𝘩𝘪𝘯𝘶𝘴 𝘥𝘦𝘭𝘱𝘩𝘪𝘴) macho, de 217 cm de comprimento total e 86,85 Kg de peso. Apesar de apresentar já algumas falhas na epiderme, o animal apresentava um estado decomposição moderada, o que tornou possível uma análise rigorosa e uma amostragem completa em laboratório. Além de uma carga parasitária elevada no pulmão e de algum líquido nas cavidades torácica e abdominal, não foram registadas quaisquer lesões, tanto a nível interno como externo, que nos permitissem tirar conclusões quanto à causa de morte.
Este foi o décimo cetáceo registado para a costa algarvia, desde o início do ano.
Gostaríamos de agradecer ao pescador que deu alerta e nos fez chegar o animal, ao piquete da Polícia Marítima de Portimão por todo o apoio de logística e resolução célere desta ocorrência, e ainda, à equipa do Porto de Apoio Naval de Portimão, pelo auxílio nas manobras de remoção do animal da água.

Manipulação de golfinhos mortos
Na passada terça-feira, 18 de fevereiro, foram registados os arrojamentos de três golfinhos comuns (Delphinus delphis), em localizações distintas da costa algarvia. Todos os animais apresentavam marcas externas compatíveis com captura acidental em artes de pesca-a principal causa de morte destes animais em todo o mundo, incluindo Portugal.
A sobreposição do habitat dos cetáceos e áreas de pesca representa um desafio complexo, que cientistas e pescadores têm procurado mitigar em conjunto, através do desenvolvimento de soluções adaptadas a cada pescaria.
Além de lacerações e abrasões provocadas por cabos e redes de pesca, dois dos animais apresentavam evidências de manipulação humana, nomeadamente barbatanas amputadas e remoção de tecido muscular.
A amputação de barbatanas, visível em alguns dos golfinhos resultantes de arrojamentos, é um procedimento frequentemente usado pelos pescadores aquando da captura acidental. Esta prática é usada com o animal morto, de forma a facilitar a sua remoção das redes, evitando a danificação profunda das mesmas e reduzindo, consequentemente, os prejuízos económicos.
Por vezes são também detetados animais arrojados com ausência de pedaços de tecido muscular, nomeadamente na região lombar. Embora a carne de golfinho tenha sido, em tempos, consumida em algumas zonas piscatórias em Portugal (Continental e Ilhas) ou usada como isca para a pesca de grandes peixes pelágicos (tubarões e atuns), este tipo de práticas é hoje ilegal. Acreditamos que o uso da carne de golfinho para consumo tenha caído em desuso, não só por questões legais, mas também associado aos elevados níveis de metais pesados existentes na carne destes animais. No entanto, o uso para isca pode ainda ocorrer em alguns casos.
Aliado ao facto de ser um ato eticamente condenável, é visualmente chocante encontrar um golfinho arrojado na praia, nestas condições.
Importa referir também que é expressamente proibida a manipulação de espécies protegidas, como é o caso dos cetáceos e das tartarugas-marinhas, bem como a posse de qualquer parte dos mesmos (dentes de golfinho, barbas de baleia, carapaças de tartaruga, pedaços de musculo ect). Todos estes atos são considerados “crime”, sendo puníveis por lei.
A consciencialização e o cumprimento da legislação são essenciais para proteger estas espécies e promover uma coexistência mais sustentável entre a atividade piscatória e a conservação da biodiversidade marinha.

Captura acidental de tartaruga-marinha em pescas
Na manhã de quinta-feira, dia 13/02 , a equipa da RAAlg foi informada sobre a captura acidental de uma tartaruga-marinha.
Tratava-se de uma tartaruga-comum (𝘊𝘢𝘳𝘦𝘵𝘵𝘢 𝘤𝘢𝘳𝘦𝘵𝘵𝘢), com aproximadamente 59 cm de comprimento total.
O animal apresentava uma excelente condição corporal, não sendo visível qualquer lesão externa nem evidências de decomposição.
A realização da necrópsia salientou o estado de frescura do animal, sem qualquer vestígio de autólise nos seus órgãos internos. Apesar de não ser visível qualquer lesão interna, a presença de um líquido ensanguentado na cavidade celómica sugere a ocorrência de um trauma. Além de um conter uma grande quantidade de alimento no estômago, algum ainda por digerir, indicador de uma alimentação bastante recente, o animal apresentava alguns fragmentos de plástico no seu conteúdo estomacal.
A realização da necrópsia em animais cuja causa de morte já é conhecida, surge como uma mais-valia para análises futuras. Além de contribuir para um melhor conhecimento da anatomia interna dos animais, esta análise pode relevar factos que podem tornar-se decisivos na determinação das causas de morte, em animais arrojados por causas desconhecidas.
Gostaríamos de agradecer ao pescador da embarcação de pesca, o qual, não só nos informou desta ocorrência, como também, prontamente se disponibilizou por nos fazer chegar o animal.
