Um boto (Phocoena phocoena) recém-nascido arrojou vivo na Praia da Falésia, em Albufeira, no domingo, dia 23 de julho, acabando por não sobreviver. O mesmo já tinha sido avistado junto à costa, no dia anterior numa praia próxima, contudo aquando da chegada do Porto d’Abrigo do Zoomarine e apesar de todos os esforços, já não foi detetado para que lhe pudesse ser dada a assistência necessária.

Tratava-se de um macho com 0,92 m de comprimento total e que apresentava várias características que apontavam para um nascimento recente, tais como: pregas fetais (traços transversais ao corpo) resultantes da posição do feto no útero materno, vestígios de cordão umbilical e pelos no bico (estruturas vestigiais com função estritamente sensorial nos primeiros dias de vida, após os quais acabam por cair). A necrópsia decorreu no laboratório da RAAlg, revelando indícios de uma morte traumática. Este foi o primeiro registo desta espécie, pela RAAlg, desde 2020.

O boto pode ser encontrado em águas pouco profundas, por toda a costa continental portuguesa, contudo apresenta uma maior abundância nas regiões mais a norte do país.

Esta espécie encontra-se criticamente ameaçada em Portugal, estando classificada como “Vulnerável”.

Gostaríamos de agradecer à equipa do Porto d’Abrigo do Zoomarine pelo auxílio no transporte do animal para o laboratório da RAAlg.

Na passada quinta-feira, dia 20 de julho, a RAAlg participou numa sessão de educação ambiental para um grupo de crianças a frequentar o “Summer Surf Camp” organizado pela Algarve Surf School da Praia do Amado, concelho de Aljezur. Num ambiente muito informal, tivemos a oportunidade de mostrar um pouco do trabalho que realizamos, dando a conhecer as espécies de cetáceos e tartarugas-marinhas que frequentam a costa algarvia e debatendo acerca dos perigos que estas enfrentam. Para além de desmistificar a palavra “ARROJAMENTO”, instruímos o público alvo sobre os procedimentos e normas de conduta a adotar em caso de encontro com um animal arrojado (morto ou vivo) nas praias do Algarve.

No final da sessão cada um dos participantes teve direito a levar para casa um dos nossos posters de “Baleias, golfinhos e tartarugas-marinhas” além de uma mão cheia de conhecimento acerca destas espécies.

Estamos muito gratos pelo convite pois consideramos que esta é a forma mais eficaz de divulgar o nosso trabalho e poder envolver a população numa causa que a todos diz respeito, a Proteção do Ambiente.

RELEMBRAMOS que estamos disponíveis para a realização de sessões em escolas e instituições com interesse no nosso trabalho. Basta que nos contactem por email (raalg.arrojamentos@gmail.com) ou através do número 968688233. 

No que respeita aos Odontocetos (cetáceos com dentes), o golfinho-comum (Delphinus delphis) foi a espécie com mais arrojamentos registados no período correspondente ao primeiro semestre do ano, o que vai de encontro aos resultados obtidos em anos anteriores. Relativamente aos Misticetos (cetáceos com barbas), a baleia-anã (Balaenoptera acutorostrata) foi a que o obteve maior número ocorrências, sendo verificado um padrão crescente de arrojamentos desta espécie ao longo dos anos.

Foram ainda detetados 4 arrojamentos de golfinhos-riscados (Stenella coeruleoalba) e um de um arrojamento de um cachalote-pigmeu (Kogia breviceps), uma espécie raramente detetada na costa algarvia.

Quanto às tartarugas-marinhas, até à data foram detetados 14 indivíduos, todos eles pertencentes à mesma espécie, a tartaruga-comum (Caretta caretta).  Esta mantém-se como sendo a espécie de tartaruga-marinha mais frequentemente encontrada em arrojamentos mortos na costa algarvia.

Goatríamos de agradecer a todas as entidades qu têm contribuído para que a recolha e levantamento de dados dos arrojamentos mortos ao longo da costa algarvia seja possível, em especial às várias Capitanias dos Portos do Algarve e ao Instituto para a Conservação da Natureza e Florestas (ICNF).