A tartaruga-de-couro (𝘋𝘦𝘳𝘮𝘰𝘤𝘩𝘦𝘭𝘺𝘴 𝘤𝘰𝘳𝘪𝘢𝘤𝘦𝘢) é a maior de todas a espécies de tartarugas-marinhas
News
Tartaruga-de-couro (𝘋𝘦𝘳𝘮𝘰𝘤𝘩𝘦𝘭𝘺𝘴 𝘤𝘰𝘳𝘪𝘢𝘤𝘦𝘢)
Resultados - 1º semestre de 2024
A recolha e análise sistemática de dados de arrojamentos contribuem para uma melhor compreensão dos
Visita da AIMM ao laboratório da RAAlg
No âmbito de uma colaboração com a AIMM - Associação para a Investigação do Meio Marinho, os alunos
Outras notícias
Arrojamentos de cetáceos e tartarugas-marinhas no Algarve - 3º trimestre de 2023
Para que um arrojamento ocorra é necessário que exista uma combinação perfeita de vários fatores atmosféricos e oceanográficos, tais como os ventos, as correntes, as marés, a temperatura da água, entre outros, que fazem com que o cadáver possa aproximar-se ou afastar-se da costa, ou ainda afundar na coluna de água. Estima-se que apenas 10 a 20% dos animais que morrem no mar acabam efetivamente por arrojar, facto este que avulta a necessidade de conservação de algumas das espécies de cetáceos e tartarugas-marinhas que se encontram ameaçadas de extinção.
O padrão de arrojamentos de cetáceos e tartarugas marinhas na costa Algarvia verificado ao longo dos anos tem sido bastante variável, o que pode dever-se a muitos fatores descritos anteriormente, aliados também à capacidade de deteção e ao eficaz encaminhamento destas ocorrências. O terceiro trimestre do ano, que inclui o período de verão, é caracterizado por ser a época do ano na qual o registo de arrojamentos no Algarve toma maiores proporções. O aumento da concentração de pessoas junto à costa, característico do verão, maximiza o número de arrojamentos detetados e o encaminhamento dos mesmos para as entidades competentes. Contudo, existiram anos em que este pico não se verificou, contrariando a tendência habitual. Este ano, o número de arrojamentos nos meses de verão foi atípico para a RAAlg desde que foi reativada a rede em 2020, com apenas 11 cetáceos e 4 tartarugas-marinhas registados ao longo dos últimos três meses. Várias são as causas que podem estar associadas a estes resultados, entre as quais a possibilidade de deslocação dos animais para zonas mais afastadas da costa, por escassez de alimento, incorrendo em menos perigos potenciais como a pesca, uma das principais causas de morte descritas para os animais arrojados na costa algarvia.
Arrojamento de boto na Praia de Faro
No passado dia 9 de setembro a equipa da RAAlg foi alertada para a presença de um animal arrojado na praia de Faro. De forma a acelerar a remoção do animal do local evitando qualquer perigo para a saúde pública, foi contactada a Fagar – Faro, Gestão de Águas e resíduos (equipa da praia de Faro), a qual se disponibilizou para avaliar a situação e ativou de imediato os meios necessários para a realização da mesma.
A necrópsia foi realizada no próprio dia, nas instalações da Fagar existentes na Praia de Faro.
Tratava-se de um boto (Phocoena phocoena), fêmea juvenil, já com alguns indícios de decomposição e sem qualquer evidência concreta que nos permitisse tirar conclusões acerca da causa de morte.
Este foi o segundo indivíduo da espécie registado no ano corrente, pela equipa da RAAlg, na costa algarvia, após um intervalo de dois anos em que nenhum arrojamento de boto foi detetado.
Gostaríamos de deixar o nosso agradecimento à Fagar – Faro, Gestão de Águas e resíduos pelo auxílio na remoção do animal e cedência do espaço para a realização da necrópsia.
Orca (Orcinus orca)
Apesar de ser conhecida como “baleia assassina” a orca pertence à família dos golfinhos (família Delphinidae), sendo considerada o membro de maior porte, da mesma. É um predador de topo com uma dieta bastante variada, a qual inclui presas como peixes, moluscos, aves, tartarugas, focas, tubarões e também animais de maior porte como as baleias, nas suas caçadas de grupo. Tem uma área de distribuição geográfica bastante abrangente, podendo ser encontrada em todos os oceanos, existindo várias subpopulações ou ecótipos adaptados aos diferentes habitats on a espécie se encontra. Apresenta uma vida social complexa, baseada na formação e manutenção de grupos familiares extensos.
Desde 2020, o estranho comportamento de um grupo de orcas que reside nas águas da Península Ibérica tem alarmado a comunidade náutica. Alguns animais da população das chamadas ORCAS IBÉRICAS ou ALTÂNTICAS começou a aproximar-se de veleiros proferindo algumas interações como empurrando-os e interagindo com o leme, o qual algumas vezes acaba por partir. De salientar que a orca ibérica ou Atlântica percorre longos quilómetros seguindo as embarcações de pesca de atum-rabilho (Thunnus thynnus), uma das suas presas favoritas.
Os relatos de INTERAÇÕES de alguns indivíduos desta espécie com embarcações, principalmente veleiros, tem vindo a aumentar, e devido aos danos provocados em algumas destas embarcações, estes comportamentos têm sido comummente nomeados como ATAQUES, apesar de não haver registos de agressividade destes animais para com os humanos.
Diferentes hipóteses para estes comportamentos têm sido debatidas, entre as quais uma simples manobra de diversão ou uma resposta a um evento traumático anterior. De realçar que além de curiosos e socialmente complexos, as orcas são dos animais mais inteligentes que habitam o oceano pelo que estes comportamentos estão a ser apreendidos por novos membros, o que explica o aumento das interações. De reforçar ainda que além dos mais inteligentes são animais robustos que podem atingir cerca de 9 toneladas, facto este que pode tornar uma simples brincadeira num ato algo violento para quem o vive de perto.
A todos os interessados em saber mais sobre este tema, sugerimos que visitem a página do GRUPO DE TRABALHO DA ORCA ATLÂNTICA – GTOA, na qual pode ser consultada toda a informação acerca desta população incluindo o registo dos últimos avistamentos e interações bem como as RECOMENDAÇÕES DE SEGURANÇA criadas pelo grupo de especialistas que as estuda e que melhor conhece os seus comportamentos.
Fotos cedidas por: Ocean Vibes (Empresa marítimo-turística de investigação)