A contaminação dos oceanos por resíduos de plástico, é uma das principais ameaças para a vida
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Ingestão de plástico por tartarugas-marinhas

Visita de grupo de investigação chinês às instalações da RAAlg
No final de abril, a Associação para a Conservação da Vida Aquática do Boto do Yangtzé de Nanjing

Participação na 36ª Conferência da European Cetacean Society
Na passada semana, o nosso coordenador de terreno e aluno de doutoramento, Jan Hofman, marcou
Outras notícias
Análise de conteúdos estomacais de cetáceos
A análise do conteúdo estomacal de cetáceos visa entender a dieta, o comportamento alimentar, a ecologia e o papel destes mamíferos nos ecossistemas marinhos, sendo parte integrante do trabalho efetuado pela equipa da RAAlg.
Esta análise fornece informações valiosas sobre a relação entre os cetáceos e as suas presas, uma vez que o movimento e distribuição das presas influencia a deslocação e distribuição dos cetáceos às escalas espacial e temporal.
Os objetivos desta análise consistem na determinação da composição da dieta, através identificação das presas presentes nos conteúdos analisados. Permite-nos também avaliar a ocorrência de variações sazonais na dieta, o que ajuda a compreender as adaptações alimentares dos cetáceos, e ainda aferir acerca da saúde e bem-estar do animal avaliando a presença de poluentes (ex: resíduos de plástico), bem como de parasitas.
Após uma intensa lavagem e secagem de acordo com protocolos standard, todo o conteúdo passa por uma triagem na qual são selecionadas as “peças chave” para a identificação das presas, tais como alguns ossos específicos da cabeça, os otólitos dos peixes e os bicos dos cefalópodes. A análise é feita de forma macroscópica, por comparação, através da utilização de guias de identificação e de uma coleção de referência pré-existente. A mesma pode ser complementada com análises genéticas que permitem identificar o DNA das presas contidas nos conteúdos estomacais, testes estes que se encontram em processo e ainda em fase preliminar.

Arrojamentos de cetáceos e tartarugas-marinhas no Algarve - 3º trimestre de 2023
Para que um arrojamento ocorra é necessário que exista uma combinação perfeita de vários fatores atmosféricos e oceanográficos, tais como os ventos, as correntes, as marés, a temperatura da água, entre outros, que fazem com que o cadáver possa aproximar-se ou afastar-se da costa, ou ainda afundar na coluna de água. Estima-se que apenas 10 a 20% dos animais que morrem no mar acabam efetivamente por arrojar, facto este que avulta a necessidade de conservação de algumas das espécies de cetáceos e tartarugas-marinhas que se encontram ameaçadas de extinção.
O padrão de arrojamentos de cetáceos e tartarugas marinhas na costa Algarvia verificado ao longo dos anos tem sido bastante variável, o que pode dever-se a muitos fatores descritos anteriormente, aliados também à capacidade de deteção e ao eficaz encaminhamento destas ocorrências. O terceiro trimestre do ano, que inclui o período de verão, é caracterizado por ser a época do ano na qual o registo de arrojamentos no Algarve toma maiores proporções. O aumento da concentração de pessoas junto à costa, característico do verão, maximiza o número de arrojamentos detetados e o encaminhamento dos mesmos para as entidades competentes. Contudo, existiram anos em que este pico não se verificou, contrariando a tendência habitual. Este ano, o número de arrojamentos nos meses de verão foi atípico para a RAAlg desde que foi reativada a rede em 2020, com apenas 11 cetáceos e 4 tartarugas-marinhas registados ao longo dos últimos três meses. Várias são as causas que podem estar associadas a estes resultados, entre as quais a possibilidade de deslocação dos animais para zonas mais afastadas da costa, por escassez de alimento, incorrendo em menos perigos potenciais como a pesca, uma das principais causas de morte descritas para os animais arrojados na costa algarvia.

Arrojamento de boto na Praia de Faro
No passado dia 9 de setembro a equipa da RAAlg foi alertada para a presença de um animal arrojado na praia de Faro. De forma a acelerar a remoção do animal do local evitando qualquer perigo para a saúde pública, foi contactada a Fagar – Faro, Gestão de Águas e resíduos (equipa da praia de Faro), a qual se disponibilizou para avaliar a situação e ativou de imediato os meios necessários para a realização da mesma.
A necrópsia foi realizada no próprio dia, nas instalações da Fagar existentes na Praia de Faro.
Tratava-se de um boto (Phocoena phocoena), fêmea juvenil, já com alguns indícios de decomposição e sem qualquer evidência concreta que nos permitisse tirar conclusões acerca da causa de morte.
Este foi o segundo indivíduo da espécie registado no ano corrente, pela equipa da RAAlg, na costa algarvia, após um intervalo de dois anos em que nenhum arrojamento de boto foi detetado.
Gostaríamos de deixar o nosso agradecimento à Fagar – Faro, Gestão de Águas e resíduos pelo auxílio na remoção do animal e cedência do espaço para a realização da necrópsia.
