A tartaruga-de-couro (𝘋𝘦𝘳𝘮𝘰𝘤𝘩𝘦𝘭𝘺𝘴 𝘤𝘰𝘳𝘪𝘢𝘤𝘦𝘢) é a maior de todas a espécies de tartarugas-marinhas
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Tartaruga-de-couro (𝘋𝘦𝘳𝘮𝘰𝘤𝘩𝘦𝘭𝘺𝘴 𝘤𝘰𝘳𝘪𝘢𝘤𝘦𝘢)
Resultados - 1º semestre de 2024
A recolha e análise sistemática de dados de arrojamentos contribuem para uma melhor compreensão dos
Visita da AIMM ao laboratório da RAAlg
No âmbito de uma colaboração com a AIMM - Associação para a Investigação do Meio Marinho, os alunos
Outras notícias
Tartaruga-comum arrojada na praia de Faro
Ao final da tarde do passado domingo, dia 13/02, a equipa da RAAlg foi alertada para o arrojamento de uma tartaruga-comum (Caretta caretta), na Praia de Faro.
Tratava-se de um animal juvenil, sem qualquer indício externo que remetesse para a causa de morte. Após realização da necrópsia, esta revelou ser um animal que aparentava ser saudável, por ter em excelente condição física e com evidências de alimentação recente, concluindo-se assim que o animal terá morrido de forma traumática e repentina e com certeza de foro antropogénico.
A tartaruga-marinha-comum, pertence à família Chelonidae e é uma das 7 espécies de tartarugas-marinhas que existem no mundo. Apresenta uma carapaça oval com uma coloração castanho-avermelhada, podendo atingir cerca de 120 cm de comprimento e 150kg de peso. São animais solitários que passam a maior parte da vida em habitats marinhos e estuarinos, podendo aproximar-se bastante da costa, contudo, apenas as fêmeas vão à praia para fazer as suas posturas. A sua alimentação é variada incluindo medusas, esponjas, moluscos, peixes e crustáceos. Ocorre em regiões tépidas, tropicais e subtropicais do Mediterrâneo, Atlântico, Índico e Pacífico.
Embora não se reproduza na nossa costa, trabalhos anteriores da Rede de Arrojamentos do Algarve que operou entre 2000 e 2017 provaram que a costa algarvia faz parte da rota migratória desta espécie na passagem para o Mar Mediterrâneo, revelando-se uma importante zona de alimentação. É a espécie de tartaruga-marinha que mais arroja em Portugal Continental, sendo a captura acidental em artes de pesca, uma das suas principais causas de morte.
Alerta: Caso encontre um animal arrojado morto nas praias da costa algarvia, contacte a Rede de Arrojamentos do Algarve (RAAlg) através do número 968688233, ou registe diretamente o seu alerta na página (www.raalg.pt).
RAAlg visita a Capitania do Porto de Faro
Na passada quinta-feira, dia 3 de fevereiro, a equipa da Rede de Arrojamentos do Algarve visitou a capitania do Porto de Faro, onde foi gentilmente recebida pelo Capitão do Porto e Comandante da Zona Marítima do Sul - Fernando Carlos Rocha Pacheco.
Esta visita teve como principal objetivo a entrega do relatório anual de atividades, sumarizando os resultados obtidos relativamente à deteção de arrojamentos mortos de cetáceos e tartarugas-marinhas, ao longo da costa algarvia. Contudo, além da importância de dar a conhecer o trabalho efetuado pela RAAlg, esta visita teve também o intuito de agradecer de forma singela, à Autoridade Marítima Nacional, nomeadamente a todos os piquetes dos comandos locais da Polícia Marítima das várias capitanias do Algarve, por todo o apoio logístico prestado no terreno, com deslocações por terra e mar.
Este apoio tem sido um importante contributo para o sucesso e continuação deste projeto, de forma consistente e adequada, permitindo o acesso a um maior número de animais arrojados e maximizando a recolha de informação.
RAAlg e o seu papel na formação de novas equipas – uma semana sobre dieta de cetáceos
Não foi a primeira vez que a nossa equipa se dedicou a dar formação a outras entidades com interesse na área. Na passada semana recebemos uma equipa de estudantes do mestrado em Biologia Marinha e Conservação, do ISPA, em Lisboa, à qual nos dedicámos a ceder algum do nosso conhecimento em avaliação da dieta de cetáceos, através da análise de conteúdos estomacais de animais arrojados mortos.
A análise de conteúdos estomacais é um dos métodos mais usados para avaliar e descrever a constituição da dieta das diferentes espécies de animais marinhos, tanto em termos de variedade de presas como em termos de abundância, biomassa e relevância destas na sua alimentação. No nosso trabalho, os estômagos de animais arrojados mortos por nós recolhidos, são depois submetidos a todo um processo. Primeiro, todo o conteúdo estomacal é lavado e depois seco, sendo posteriormente feita uma triagem das peças fundamentais para a identificação das espécies que o constituem, tais como os otólitos e alguns ossos da cabeça dos peixes e bicos dos cefalópodes.
A análise da ecologia alimentar de animais marinhos, como são exemplo os cetáceos, não só permite tirar informações muito importantes da natureza biológica e ecológica para a espécie cujo conteúdo estomacal se analisa, como também permite tirar algumas conclusões sobre a interação com artes de pesca, já que muitas vezes o alimento favorito de certa espécie de cetáceo coincide com a espécie alvo de algumas pescarias. Estamos assim na posse de uma ferramenta importante para avaliar interações entre cetáceos e pescas, determinar muitas vezes a causa de morte por captura acidental e avaliar o impacto que estas espécies têm no consumo de peixe com interesse comercial, sendo estes estudos, uma importante contribuição para uma melhor gestão dos ecossistemas marinhos.
Estudos anteriores de dieta de cetáceos na costa continental portuguesa, realizados por elementos da equipa RAAlg, podem ser consultados aqui:
Golfinho-comum (Delphinus delphis):
https://link.springer.com/article/10.1007/s00227-018-3285-3
Golfinho-riscado (Stenella coeruleoalba):
https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S1385110121000022
Gostaríamos de agradecer à equipa do ISPA pela confiança no nosso trabalho e pela intensa semana de convívio e partilha de conhecimentos. Esperamos que tenham disfrutado e aprendido tanto como nós! Voltem sempre! Desejamos-vos o maior sucesso nas etapas que se avizinham.
Triagem dos otólitos de peixe, da amostra.
Indentificação e medição dos otólitos, com a ajuda da lupa binocular.