A tartaruga-de-couro (𝘋𝘦𝘳𝘮𝘰𝘤𝘩𝘦𝘭𝘺𝘴 𝘤𝘰𝘳𝘪𝘢𝘤𝘦𝘢) é a maior de todas a espécies de tartarugas-marinhas
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Tartaruga-de-couro (𝘋𝘦𝘳𝘮𝘰𝘤𝘩𝘦𝘭𝘺𝘴 𝘤𝘰𝘳𝘪𝘢𝘤𝘦𝘢)
Resultados - 1º semestre de 2024
A recolha e análise sistemática de dados de arrojamentos contribuem para uma melhor compreensão dos
Visita da AIMM ao laboratório da RAAlg
No âmbito de uma colaboração com a AIMM - Associação para a Investigação do Meio Marinho, os alunos
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Tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea)
A tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea) é a maior de todas a espécies de tartarugas-marinhas, podendo atingir mais de 2 metros de comprimento e um peso acima dos 500 kg. O seu nome deve-se ao facto de não apresentarem uma verdadeira carapaça, mas sim uma pele grossa e rígida de cor negra e aspeto coriáceo.
São animais solitários que vivem em águas abertas, aproximando-se frequentemente da costa para se alimentarem ou reproduzirem. Apesar de não nidificarem na costa portuguesa é frequente a sua passagem nas nossas águas, sendo a segunda espécie de tartaruga-marinha que mais arrojamentos regista, atualmente, na costa algarvia.
Ontem, a equipa RAAlg deu resposta a mais um arrojamento de tartaruga-de-couro, desta vez na Ilha da Armona, sendo o terceiro indivíduo desta espécie registado no ano corrente, para a região do Algarve.
A realização da necrópsia não nos permitiu tirar conclusões exatas quanto à causa de morte, contudo foram encontrados alguns resíduos de plástico de grandes dimensões no seu conteúdo estomacal, os quais podem ter contribuído para a sua debilitação e/ou ter provocado a obstrução do seu trato digestivo.
Agradecemos a colaboração das entidades envolvidas, Piquete da Polícia Marítima de Olhão e Ambiolhão, que mais uma vez nos proporcionaram condições para a realização do nosso trabalho de forma eficaz.
Zoonoses
Zoonoses são doenças dos animais, transmissíveis ao Homem.
Estas podem ser causadas por diversos microrganismos tais como vírus, bactérias, parasitas e fungos, os quais provocam diferentes doenças e de gravidade variável, tanto nos animais como nos humanos.
As fotos acima mostram a elevada carga parasitária presente no trato respiratório de um golfinho-roaz (Tursiops truncatus) arrojado na Ilha da Culatra, no passado dia 26 de agosto.
Estas larvas de parasita pertencem ao género Halocercus, um dos géneros atualmente reconhecidos, associados a uma carga infeciosa elevada de Brucella spp., sendo comummente encontrados em várias espécies de cetáceos.
O contacto com o Homem e outros animais pode provocar uma disseminação alargada da patologia, uma vez que esta doença se trata de uma zoonose.
Agradecemos, mais uma vez, à Autoridade Marítima Nacional, nomeadamente ao Piquete da Polícia Marítima de Olhão, pela fundamental ajuda na remoção e transporte do animal para laboratório, o que nos permitiu maximizar a eficácia da sua necrópsia e amostragem.
Arrojamento de baleia-anã adulta
No passado dia 2 de julho recebemos vários alertas por parte de empresas de atividade marítimo-turística, para a presença de uma baleia-anã adulta, morta, à deriva, a algumas milhas da costa, ao largo de Armação de Pêra. Apesar dos esforços no sentido de rebocar o animal para o porto de pesca mais próximo, conscientes dos perigos que um animal de tal porte pode causar na navegação, o animal acabou por arrojar na Praia Grande de Pêra, concelho de Silves, no dia seguinte. Embora o animal já se encontrasse em avançada decomposição aquando da realização da necrópsia, o que acarreta uma dificuldade acrescida na análise e avaliação da causa de morte, concluiu-se que a morte foi de origem traumática indeterminada.
A baleia-anã (Balaenoptera acutorostrata) é o rorqual de menor porte pertencente à subordem taxonómica Mysticeti (cetáceos com barbas), podendo atingir os 10 metros de comprimento. Apresenta um corpo alongado e uma cabeça pontiaguda. A sua coloração varia entre cinzento-escura na região dorsal e branca no ventre e flancos. A barbatana dorsal é proeminente, mas de pequena dimensão proporcionalmente ao corpo e as barbatanas peitorais apresentam uma mancha branca, característica da espécie. A sua alimentação é variada, podendo incluir pequenos crustáceos, cefalópodes e peixes de cardume. Geralmente são animais solitários, podendo aglomerar-se em alturas de migração e reprodução. Distribuem-se por ambos os hemisférios, podendo ocorrer tanto em águas oceânicas como costeiras.
Os avistamentos desta espécie nas proximidades da costa continental portuguesa são bastante frequentes e durante todo o ano, o que leva a crer que alguns núcleos sejam residentes. É a espécie de baleia de barbas mais abundante na nossa costa e, consequentemente, a que mais arrojamentos tem registado ao longo dos anos, principalmente no que respeita a indivíduos juvenis.
Para o Algarve, a distribuição temporal dos arrojamentos desta espécie ao longo dos últimos 12 anos apresenta-se heterogénea, oscilando entre anos com poucos registos (e.g. 2012, 2013, 2019 e 2021) com anos com mais ocorrências (e.g. 2010 e 2020). No presente ano, os registos sugerem valores aproximados ao período entre 2014-2018, tendo sido este o período onde ocorreu alguma estabilização das ocorrências. Em termos de distribuição sazonal apresenta um pico de arrojamentos no segundo trimestre do ano, particularmente no mês de maio, o que sugere que a costa algarvia possa ser um corredor migratório e zona de alimentação importante para a espécie, nessa altura do ano. A captura acidental em artes de pesca é considerada a principal causa de morte para esta espécie.