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Arrojamento de baleia-anã na Praia da Mareta

Arrojamento de baleia-anã na Praia da Mareta (Sagres)

No passado dia 4/04, foi registado o arrojamento de uma baleia-de-barbas da espécie Balaenoptera

Resultados RAAlg 1º trimestre de 2025

Resultados dos arrojamentos na costa algarvia - 1º trimestre de 2025

Estes foram os resultados dos arrojamentos mortos, correspondentes ao 1° trimestre do ano 2025

Roaz - Monte Gordo

Arrojamento de roaz juvenil na Praia de Monte Gordo

No dia 11/03/2025, arrojou na Praia de Monte Gordo, um golfinho-roaz (𝘛𝘶𝘳𝘴𝘪𝘰𝘱𝘴 𝘵𝘳𝘶𝘯𝘤𝘢𝘵𝘶𝘴), também

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30/04/2021

Rede de Arrojamentos do Algarve – Resultados preliminares

A Universidade do Algarve, com apoios do FUNDO AMBIENTAL, reativou em outubro de 2020 a rede de arrojamentos do Algarve que se encontrava desativada desde 2017. Os trabalhos da RAAlg abrangem a área geográfica que incide na região Sul de Portugal Continental, de Vila Real de Santo António a Odeceixe. A RAAlg é composta por uma equipa técnica de biólogos especializados que promove uma melhor recolha de informação e de amostras de cetáceos e tartarugas marinhas arrojados mortos, deteção de causas de morte, contribuindo para aumento de conhecimento sobre espécies marinhas protegidas dependentes do litoral português. Com o apoio, parceria e colaboração do ICNF, a RAAlg tem acesso a dois laboratórios no Parque Natural da Ria Formosa, na Quinta de Marim em Olhão, para poder efetuar necrópsias e armazenar amostras recolhidas.

Desde a sua reativação, em cerca de 6 meses de trabalho, a RAALG recebeu alertas para o registo de 39 cetáceos e 21 tartarugas marinhas, todos arrojados mortos ao longo da costa Algarvia. No caso dos cetáceos, foram registadas 5 espécies de odontocetos (cetáceos com dentes): golfinho comum (Delphinus delphis), roaz-corvineiro (Tursiops truncatus), bôto (Phocoena phocoena), baleia-piloto-de-barbatana-curta (Globicephala macrorhynchus) e golfinho-riscado (Stenella coeruleoalba); e 2 espécies de misticetos (baleias de barbas): baleia-sardinheira (Balaenoptera borealis) e baleia-comum (Balaenoptera physalus). O estado avançado de decomposição limitou a identificação de alguns indivíduos tendo sido apenas possível a determinação da sub-ordem (odontoceto ou misticeto não identificado) ou família. As espécies de cetáceos que arrojaram com mais frequência foram: Golfinho-comum (38%) e Roaz-corvineiro (13%) (Fig.1)

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Fig.1 Frequência de ocorrência das espécies de cetáceos arrojados mortos no período compreendido entre Outubro 2020 - Abril 2021. Valores em %. NI - Não Identificado

 

Relativamente às causas de morte na grande maioria dos casos não foi possível determinar a causa de morte (74%) principalmente pelo avançado estado de decomposição do animal ou resultados inconclusivos. No entanto, quando foram encontradas evidências, os casos mais frequentes estão relacionados com trauma (antropogénico ou outros; 13%), captura acidental (8%) e Captura Acidental Provável (3%). Existem também algumas situações onde não nos foi possível examinar o animal por indisponibilidade dos biólogos que se encontravam noutras ocorrências, ou porque o animal estava em local inacessível (3%) (Fig.2).

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Fig.2 Causas de morte mais frequentes das espécies de cetáceos arrojados mortos no período compreendido entre Outubro 2020 - Abril 2021. Valores em %. NI - Não identificado

 

No caso das tartarugas marinhas, apenas duas espécies foram registadas. A tartaruga-comum (Caretta caretta) foi a espécie mais representada, perfazendo 80% dos arrojamentos e os restantes 20 % correspondendo a tartarugas-de-couro (Dermochelys coriacea) (Fig.3).

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Fig.3 Frequência de ocorrência das espécies de tartarugas marinhas arrojadas mortas no período compreendido entre Outubro 2020 - Abril 2021. Valores em %.

 

Tal como nos cetáceos, na grande parte das necrópsias efetuadas às tartarugas-marinhas não foi possível chegar a uma causa de morte (85%). Todavia, quando as necrópsias foram conclusivas, as causas de morte mais frequentes são a Captura acidental provável (10%) e a Captura acidental (5%) (Fig.4).

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Fig.4 Causas de morte mais frequentes das espécies de tartarugas marinhas arrojadas mortas no período compreendido entre Outubro 2020 - Abril 2021. Valores em %.

 

Estes resultados são preliminares e continuam em avaliação. A utilidade de uma rede local de arrojamentos e da sua contribuição para a conservação e melhor gestão, neste caso de espécies marinhas protegidas (cetáceos e tartarugas marinhas), é importante e quer-se continuada por longos períodos de tempo. Assim avançamos na nossa missão. Agradecemos a todas as entidades e cidadãos que têm feito chegar a nós os alertas, ou proporcionando-nos condições para melhor acedermos aos animais arrojados e os possamos analisar. Não se esqueçam de consultar a nossa página www.raalg.pt e de introduzir alertas sempre que encontrem um cetáceo ou tartaruga marinha arrojada morta.

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@ Ana Marçalo
23/04/2021

Trabalhos com a maior Baleia arrojada em Portugal continental

A RAAlg teve a semana mais desafiante e trabalhosa desde o início da sua atividade, ao dar um apoio essencial na resposta aos trabalhos de remoção e transporte de uma baleia-comum, Balaenoptera physalus, fêmea, com mais de 19 metros. O animal arrojou morto junto da Praia de Santo António, em Vila Real de Santo António, no passado dia 20 de Abril e só ontem se concluiu todo o processo de remoção. Bateu-se um recorde, pois não existe registo de algum cetáceo de tal envergadura arrojado em Portugal Continental. A logística para proceder aos trabalhos de remoção de um animal destes é como se deve perceber de uma ordem grandiosa, e nem sempre as entidades estão preparadas para tal aparato. A função inicial da RAAlg foi de contribuir na articulação entre as entidades que se disponibilizaram a colaborar, destacando-se a DOCAPESCA S.A., Instituto da Conservação da Natureza (ICNF), Autoridade Marítima e comandante do Porto de Vila Real de Santo António, Marina do Guadiana, Proteção Civil, GNR e PSP. O animal acabou por ser enterrado em local determinado pelo ICNF numa zona contígua, porque dada a sua dimensão, não havia capacidade de transporte em segurança até o Aterro do Sotavento, a 71 km de distância. Os resultados da necrópsia realizada foram inconclusivos. Não obstante, a boa condição física que aparentava e a presença de abundante conteúdo do trato gastrointestinal indiciam que seria um animal saudável e que a sua morte foi possivelmente traumática. As causas de morte mais frequentes para grandes rorquais como esta baleia, estão muitas vezes relacionadas com colisões acidentais com grandes embarcações (ex. porta-contentores), durante as rotas de tráfego marítimo que se sobrepõem com áreas de distribuição destes animais.

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@ Alcina Amorim
19/04/2021

Abertura da época da Tartaruga

A RAAlg tem tido uma primavera muito trabalhosa, particularmente a partir do mês de abril, devido aos muitos arrojamentos de tartarugas-comuns (Caretta caretta). A primavera é considerada a estação do ano em que se dá a “abertura da época da tartaruga”, particularmente as tartarugas-comuns. Esta denominação foi atribuída em 2010, ano em que se ativou a primeira rede regional de arrojamentos do Algarve, e que se começou a monitorizar sistematicamente todos os arrojamentos de tartarugas marinhas ao longo da costa Algarvia (para mais informação sobre padrões de arrojamentos e causas de morte consultar o artigo Nicolau et al. 2016 https://link.springer.com/article/10.1007/s00227-015-2783-9). Com este trabalho conclui-se também que os indivíduos a frequentar a nossa costa são maioritariamente juvenis, e a costa Algarvia é uma zona de passagem e de alimentação de excelência (“hotspot”) para a tartaruga-comum. Com o aumento natural da temperatura da água a partir desta altura, e correntes e ventos de quadrante sul que se fizeram sentir nas últimas semanas, existe uma maior aproximação das tartarugas-comuns à costa, o que aumenta o risco de interação com artes de pesca costeiras e outros riscos antropogénicos (ex. abalroamentos). A RAAlg continua o seu trabalho de monitorização para tentar perceber quais as principais causas de morte de tartarugas marinhas arrojadas mortas e a recolher amostras para vários estudos, que possibilitem um maior conhecimento sobre estes animais ao longo da nossa costa. Para mais informações sobre números de animais arrojados só neste mês consulte os resultados na nossa página www.raalg.pt.

 

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@ Elisabete Castelo