A contaminação dos oceanos por resíduos de plástico, é uma das principais ameaças para a vida
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Ingestão de plástico por tartarugas-marinhas

Visita de grupo de investigação chinês às instalações da RAAlg
No final de abril, a Associação para a Conservação da Vida Aquática do Boto do Yangtzé de Nanjing

Participação na 36ª Conferência da European Cetacean Society
Na passada semana, o nosso coordenador de terreno e aluno de doutoramento, Jan Hofman, marcou
Outras notícias
Exposição fotográfica "Ver para Querer"
A convite do Centro de Ciência Viva de Lagos, a RAAlg marcou presença no passado domingo na inauguração da exposição fotográfica inserida no Projeto "Ver para Querer", para a qual deu também o seu contributo.
Para além de sensibilizar para a problemática do LIXO MARINHO, esta exposição tem como objetivo dar a conhecer à comunidade, Associações Portuguesas que trabalham com esta problemática, bem como o esforço diário que é feito na mitigação desta questão.
Agradecemos ao Centro de Ciência Viva de Lagos pela oportunidade de participar nesta exposição e desafiamos a todos a visitá-la!

Golfinho-comum, não comum!
No decorrer de um mês de dezembro para recordar em termos de número de arrojamentos, um dos alertas recebidos pela RAAlg, notificou-nos para a presença de um golfinho morto na Praia do Burgau, concelho de Vila do Bispo.
Ao analisarmos as fotos recebidas, percebemos de imediato que se tratava de um animal diferente dos demais golfinhos-comuns que haviam sido amostrados pela RAAlg, até à data. Este apresentava um padrão de coloração bastante diferente do habitual, sendo visíveis traços que nos remetiam para um cruzamento entre golfinho-comum e golfinho-riscado, ou ainda para a possibilidade de se tratar de uma espécie nunca avistada na nossa costa.
As diferentes ideias foram debatidas entre a equipa, colegas e parceiros e após algum trabalho de investigação, o animal foi identificado como sendo um indivíduo da espécie Delphinus delphis, contudo apresentava uma condição especial, o melanismo. Este fenómeno pode ser explicado por uma produção excessiva de melanina, um pigmento preto, que confere uma coloração mais escura à pele ou pelagem dos animais, por consequência de uma mutação genética. Pensa-se que a ocorrência deste tipo de fenómenos esteja relacionada com o processo evolutivo de adaptação ao meio de forma a aumentar a possibilidade de sobrevivência. Entre as várias espécies descritas, um dos exemplos mais conhecidos é a pantera negra (Panthera Pardus), a qual apresenta uma variante melanística do leopardo.
Além desta característica, esta fêmea adulta apresentava-se gestante, sendo a segundo animal amostrado pela equipa nesta condição, durante o ano de 2022. A existência de vários indícios externos de interação com pescas (marcas de redes na pele e existência de fragmento de rede fincado na barbatana caudal, a qual apresentava ainda um lobo decepado) determinaram a causa de morte como captura acidental.
Agradecemos à Débora Marujo da @Algarve Dolphis Lovers, pelo alerta, e à Câmara Municipal de Vila do Bispo, nomeadamente ao Sr. Rui Viegas, pela colaboração na remoção do animal, facilitando o transporte do mesmo para o laboratório.
Nota: Os vários padrões de golfinho-comum melanístico podem ser observados no poster de @Frédéric Lucas, 2021.

Resultados 2022
Após um ano intenso e bastante desafiante gostaríamos de partilhar com todos os que nos seguem, um pouco dos resultados obtidos em 2022.
No que se refere aos CETÁCEOS, num total de 67 registos, foram identificadas 7 espécies, 5 de odontocetos (cetáceos com dentes) e 2 de misticetos (cetáceos com barbas). O golfinho-comum (Delphinus delphis) foi a espécie mais frequente, seguindo-se o roaz-corvineiro (Tursiops truncatus) e a baleia-anã (Baleanoptera acutorostrata). Para esta última, este foi o ano em que se verificou o maior número de arrojamentos, de sempre. De destacar ainda, o primeiro arrojamento de uma orca (Orcinus orca) na costa algarvia, um dos episódios mais marcantes do ano. Em termos de distribuição mensal, para além do pico característico do verão, registado sistematicamente em anos anteriores, o mês de dezembro foi aquele onde se verificou uma maior frequência de arrojamentos de cetáceos.As principais causas de morte foram atribuídas a fatores antropogénicos, sendo a captura acidental em artes de pesca a causa mais comum para a morte dos cetáceos arrojados.
Relativamente às TARTARUGAS-MARINHAS, foram detetados 23 arrojamentos de animais mortos, entre os quais identificadas as três espécies registadas, até à data, para a costa algarvia. A espécie mais frequente foi a tartaruga-comum (Caretta caretta), seguida da tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea). Já no final do ano, foi ainda registado um arrojamento de tartaruga-verde (Chelonia mydas), uma espécie bastante rara na nossa costa. Em termos de distribuição mensal, a frequência de arrojamentos de tartarugas-marinhas não verificou variações consideráveis, sendo o mês de fevereiro aquele em que se verificou o maior número de registos. A principal causa de morte atribuída às tartarugas-marinhas arrojadas foi o trauma de origem desconhecida, sendo a captura acidental o segundo fator responsável pela morte destes animais.
Gostaríamos de agradecer o apoio por parte da Autoridade Marítima, ICNF, ALGAR S.A. e empresas municipais do ambiente.
A realização de um trabalho consistente e adequado só é possível devido às parcerias criadas com estas entidades.
