A tartaruga-de-couro (𝘋𝘦𝘳𝘮𝘰𝘤𝘩𝘦𝘭𝘺𝘴 𝘤𝘰𝘳𝘪𝘢𝘤𝘦𝘢) é a maior de todas a espécies de tartarugas-marinhas
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Tartaruga-de-couro (𝘋𝘦𝘳𝘮𝘰𝘤𝘩𝘦𝘭𝘺𝘴 𝘤𝘰𝘳𝘪𝘢𝘤𝘦𝘢)
Resultados - 1º semestre de 2024
A recolha e análise sistemática de dados de arrojamentos contribuem para uma melhor compreensão dos
Visita da AIMM ao laboratório da RAAlg
No âmbito de uma colaboração com a AIMM - Associação para a Investigação do Meio Marinho, os alunos
Outras notícias
Gaivota-de-patas-amarelas reabilitada no RIAS.
Quando são realizadas patrulhas da zona costeira, a equipa da RAAlg tem muitas vezes encontros com aves debilitadas, na sua grande maioria gaivotas, que sem o tratamento adequado acabariam por não resistir às patologias. Apesar da grande logística associada com a patrulha de grandes extensões de praia a pé, e sem nenhum tipo de apoio de viaturas, a RAAlg tem trazido sempre inúmeras gaivotas para serem recuperadas no RIAS - Centro de Recuperação e Investigação de Animais Selvagens, em Olhão. Hoje pela manhã recebemos a excelente notícia de que uma ave por nós resgatada, uma gaivota-de-patas-amarelas (Larus michahellis), foi devolvida ao seu habitat em pleno da sua condição física.
As patrulhas de costa realizadas pela nossa equipa em zonas de difícil acesso, como são o caso das ilhas Barreira, principalmente num ano tão atípico devido a eventos pandémicos, são importantes para recolher informações importantes sobres as espécies que lá habitam. Estas ilhas são um importante refúgio para algumas aves marinhas, e atualmente existe um projeto denominado LIFE Ilhas Barreira, que estuda o estado das populações destas espécies e avalia a necessidade de medidas de conservação.
Rede de Arrojamentos do Algarve – Resultados preliminares
A Universidade do Algarve, com apoios do FUNDO AMBIENTAL, reativou em outubro de 2020 a rede de arrojamentos do Algarve que se encontrava desativada desde 2017. Os trabalhos da RAAlg abrangem a área geográfica que incide na região Sul de Portugal Continental, de Vila Real de Santo António a Odeceixe. A RAAlg é composta por uma equipa técnica de biólogos especializados que promove uma melhor recolha de informação e de amostras de cetáceos e tartarugas marinhas arrojados mortos, deteção de causas de morte, contribuindo para aumento de conhecimento sobre espécies marinhas protegidas dependentes do litoral português. Com o apoio, parceria e colaboração do ICNF, a RAAlg tem acesso a dois laboratórios no Parque Natural da Ria Formosa, na Quinta de Marim em Olhão, para poder efetuar necrópsias e armazenar amostras recolhidas.
Desde a sua reativação, em cerca de 6 meses de trabalho, a RAALG recebeu alertas para o registo de 39 cetáceos e 21 tartarugas marinhas, todos arrojados mortos ao longo da costa Algarvia. No caso dos cetáceos, foram registadas 5 espécies de odontocetos (cetáceos com dentes): golfinho comum (Delphinus delphis), roaz-corvineiro (Tursiops truncatus), bôto (Phocoena phocoena), baleia-piloto-de-barbatana-curta (Globicephala macrorhynchus) e golfinho-riscado (Stenella coeruleoalba); e 2 espécies de misticetos (baleias de barbas): baleia-sardinheira (Balaenoptera borealis) e baleia-comum (Balaenoptera physalus). O estado avançado de decomposição limitou a identificação de alguns indivíduos tendo sido apenas possível a determinação da sub-ordem (odontoceto ou misticeto não identificado) ou família. As espécies de cetáceos que arrojaram com mais frequência foram: Golfinho-comum (38%) e Roaz-corvineiro (13%) (Fig.1)
Relativamente às causas de morte na grande maioria dos casos não foi possível determinar a causa de morte (74%) principalmente pelo avançado estado de decomposição do animal ou resultados inconclusivos. No entanto, quando foram encontradas evidências, os casos mais frequentes estão relacionados com trauma (antropogénico ou outros; 13%), captura acidental (8%) e Captura Acidental Provável (3%). Existem também algumas situações onde não nos foi possível examinar o animal por indisponibilidade dos biólogos que se encontravam noutras ocorrências, ou porque o animal estava em local inacessível (3%) (Fig.2).
No caso das tartarugas marinhas, apenas duas espécies foram registadas. A tartaruga-comum (Caretta caretta) foi a espécie mais representada, perfazendo 80% dos arrojamentos e os restantes 20 % correspondendo a tartarugas-de-couro (Dermochelys coriacea) (Fig.3).
Tal como nos cetáceos, na grande parte das necrópsias efetuadas às tartarugas-marinhas não foi possível chegar a uma causa de morte (85%). Todavia, quando as necrópsias foram conclusivas, as causas de morte mais frequentes são a Captura acidental provável (10%) e a Captura acidental (5%) (Fig.4).
Estes resultados são preliminares e continuam em avaliação. A utilidade de uma rede local de arrojamentos e da sua contribuição para a conservação e melhor gestão, neste caso de espécies marinhas protegidas (cetáceos e tartarugas marinhas), é importante e quer-se continuada por longos períodos de tempo. Assim avançamos na nossa missão. Agradecemos a todas as entidades e cidadãos que têm feito chegar a nós os alertas, ou proporcionando-nos condições para melhor acedermos aos animais arrojados e os possamos analisar. Não se esqueçam de consultar a nossa página www.raalg.pt e de introduzir alertas sempre que encontrem um cetáceo ou tartaruga marinha arrojada morta.
Trabalhos com a maior Baleia arrojada em Portugal continental
A RAAlg teve a semana mais desafiante e trabalhosa desde o início da sua atividade, ao dar um apoio essencial na resposta aos trabalhos de remoção e transporte de uma baleia-comum, Balaenoptera physalus, fêmea, com mais de 19 metros. O animal arrojou morto junto da Praia de Santo António, em Vila Real de Santo António, no passado dia 20 de Abril e só ontem se concluiu todo o processo de remoção. Bateu-se um recorde, pois não existe registo de algum cetáceo de tal envergadura arrojado em Portugal Continental. A logística para proceder aos trabalhos de remoção de um animal destes é como se deve perceber de uma ordem grandiosa, e nem sempre as entidades estão preparadas para tal aparato. A função inicial da RAAlg foi de contribuir na articulação entre as entidades que se disponibilizaram a colaborar, destacando-se a DOCAPESCA S.A., Instituto da Conservação da Natureza (ICNF), Autoridade Marítima e comandante do Porto de Vila Real de Santo António, Marina do Guadiana, Proteção Civil, GNR e PSP. O animal acabou por ser enterrado em local determinado pelo ICNF numa zona contígua, porque dada a sua dimensão, não havia capacidade de transporte em segurança até o Aterro do Sotavento, a 71 km de distância. Os resultados da necrópsia realizada foram inconclusivos. Não obstante, a boa condição física que aparentava e a presença de abundante conteúdo do trato gastrointestinal indiciam que seria um animal saudável e que a sua morte foi possivelmente traumática. As causas de morte mais frequentes para grandes rorquais como esta baleia, estão muitas vezes relacionadas com colisões acidentais com grandes embarcações (ex. porta-contentores), durante as rotas de tráfego marítimo que se sobrepõem com áreas de distribuição destes animais.