A tartaruga-de-couro (𝘋𝘦𝘳𝘮𝘰𝘤𝘩𝘦𝘭𝘺𝘴 𝘤𝘰𝘳𝘪𝘢𝘤𝘦𝘢) é a maior de todas a espécies de tartarugas-marinhas
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Tartaruga-de-couro (𝘋𝘦𝘳𝘮𝘰𝘤𝘩𝘦𝘭𝘺𝘴 𝘤𝘰𝘳𝘪𝘢𝘤𝘦𝘢)
Resultados - 1º semestre de 2024
A recolha e análise sistemática de dados de arrojamentos contribuem para uma melhor compreensão dos
Visita da AIMM ao laboratório da RAAlg
No âmbito de uma colaboração com a AIMM - Associação para a Investigação do Meio Marinho, os alunos
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Golfinho-comum, não comum!
No decorrer de um mês de dezembro para recordar em termos de número de arrojamentos, um dos alertas recebidos pela RAAlg, notificou-nos para a presença de um golfinho morto na Praia do Burgau, concelho de Vila do Bispo.
Ao analisarmos as fotos recebidas, percebemos de imediato que se tratava de um animal diferente dos demais golfinhos-comuns que haviam sido amostrados pela RAAlg, até à data. Este apresentava um padrão de coloração bastante diferente do habitual, sendo visíveis traços que nos remetiam para um cruzamento entre golfinho-comum e golfinho-riscado, ou ainda para a possibilidade de se tratar de uma espécie nunca avistada na nossa costa.
As diferentes ideias foram debatidas entre a equipa, colegas e parceiros e após algum trabalho de investigação, o animal foi identificado como sendo um indivíduo da espécie Delphinus delphis, contudo apresentava uma condição especial, o melanismo. Este fenómeno pode ser explicado por uma produção excessiva de melanina, um pigmento preto, que confere uma coloração mais escura à pele ou pelagem dos animais, por consequência de uma mutação genética. Pensa-se que a ocorrência deste tipo de fenómenos esteja relacionada com o processo evolutivo de adaptação ao meio de forma a aumentar a possibilidade de sobrevivência. Entre as várias espécies descritas, um dos exemplos mais conhecidos é a pantera negra (Panthera Pardus), a qual apresenta uma variante melanística do leopardo.
Além desta característica, esta fêmea adulta apresentava-se gestante, sendo a segundo animal amostrado pela equipa nesta condição, durante o ano de 2022. A existência de vários indícios externos de interação com pescas (marcas de redes na pele e existência de fragmento de rede fincado na barbatana caudal, a qual apresentava ainda um lobo decepado) determinaram a causa de morte como captura acidental.
Agradecemos à Débora Marujo da @Algarve Dolphis Lovers, pelo alerta, e à Câmara Municipal de Vila do Bispo, nomeadamente ao Sr. Rui Viegas, pela colaboração na remoção do animal, facilitando o transporte do mesmo para o laboratório.
Nota: Os vários padrões de golfinho-comum melanístico podem ser observados no poster de @Frédéric Lucas, 2021.
Resultados 2022
Após um ano intenso e bastante desafiante gostaríamos de partilhar com todos os que nos seguem, um pouco dos resultados obtidos em 2022.
No que se refere aos CETÁCEOS, num total de 67 registos, foram identificadas 7 espécies, 5 de odontocetos (cetáceos com dentes) e 2 de misticetos (cetáceos com barbas). O golfinho-comum (Delphinus delphis) foi a espécie mais frequente, seguindo-se o roaz-corvineiro (Tursiops truncatus) e a baleia-anã (Baleanoptera acutorostrata). Para esta última, este foi o ano em que se verificou o maior número de arrojamentos, de sempre. De destacar ainda, o primeiro arrojamento de uma orca (Orcinus orca) na costa algarvia, um dos episódios mais marcantes do ano. Em termos de distribuição mensal, para além do pico característico do verão, registado sistematicamente em anos anteriores, o mês de dezembro foi aquele onde se verificou uma maior frequência de arrojamentos de cetáceos.As principais causas de morte foram atribuídas a fatores antropogénicos, sendo a captura acidental em artes de pesca a causa mais comum para a morte dos cetáceos arrojados.
Relativamente às TARTARUGAS-MARINHAS, foram detetados 23 arrojamentos de animais mortos, entre os quais identificadas as três espécies registadas, até à data, para a costa algarvia. A espécie mais frequente foi a tartaruga-comum (Caretta caretta), seguida da tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea). Já no final do ano, foi ainda registado um arrojamento de tartaruga-verde (Chelonia mydas), uma espécie bastante rara na nossa costa. Em termos de distribuição mensal, a frequência de arrojamentos de tartarugas-marinhas não verificou variações consideráveis, sendo o mês de fevereiro aquele em que se verificou o maior número de registos. A principal causa de morte atribuída às tartarugas-marinhas arrojadas foi o trauma de origem desconhecida, sendo a captura acidental o segundo fator responsável pela morte destes animais.
Gostaríamos de agradecer o apoio por parte da Autoridade Marítima, ICNF, ALGAR S.A. e empresas municipais do ambiente.
A realização de um trabalho consistente e adequado só é possível devido às parcerias criadas com estas entidades.
Fêmea de golfinho-comum gestante, dá à costa na Ilha do Farol
No passado dia 26/11, a equipa da RAAlg recebeu um alerta para a presença de um golfinho morto, arrojado no areal da praia da Ilha do Farol.
Com a ajuda dos Vigilantes da Natureza do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, em colaboração com os faroleiros do Farol de Santa Maria, o animal foi transportado para o laboratório da RAAlg, sendo posteriormente submetido a uma necrópsia minuciosa.
Tratava-se de uma fêmea adulta de golfinho-comum (Delphinus delphis), que se encontrava gestante. O feto apresentava um desenvolvimento normal, aparentando uma idade gestacional de aproximadamente 3 meses, com um comprimento de 26 cm. Ao serem analisados os ovários da fêmea, foi detetado num deles, a presença de um corpo lúteo. Esta estrutura é formada durante a ovulação e tem como função produzir progesterona, sendo responsável por preparar o útero e manter a gravidez até que a placenta esteja completamente formada e totalmente apta a assumir a produção desta hormona.
A causa de morte detetada apontou para captura acidental provável, baseada em algumas marcas detetadas externamente e também internamente durante a realização da necrópsia. Este evento afetou, portanto, dois animais, uma fêmea em idade reprodutiva e ainda uma cria que não chegou a nascer.
Gostaríamos de agradecer à equipa de Vigilantes da Natureza do Instituto de Conservação da Natureza das Florestas e aos faroleiros do Farol de Santa Maria, da Ilha do Farol, que contribuíram para a remoção e transporte do animal para o laboratório, e ainda ao estudante de medicina veterinária, Paulo Martins, o qual participou ativamente na realização da referida necrópsia, contribuindo com o seu conhecimento e experiência.