A contaminação dos oceanos por resíduos de plástico, é uma das principais ameaças para a vida
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Ingestão de plástico por tartarugas-marinhas

Visita de grupo de investigação chinês às instalações da RAAlg
No final de abril, a Associação para a Conservação da Vida Aquática do Boto do Yangtzé de Nanjing

Participação na 36ª Conferência da European Cetacean Society
Na passada semana, o nosso coordenador de terreno e aluno de doutoramento, Jan Hofman, marcou
Outras notícias
Causa de morte: Colisão com embarcação
No dia 18 de fevereiro, recebemos o alerta para a presença de uma tartaruga-marinha arrojada na Praia do Martinhal, em Sagres.
Com a ajuda sempre pronta do município de Vila do Bispo, a mesma foi removida e encaminhada para o Aterro Sanitário do Barlavento, local onde foi efetuada a sua necrópsia.
O animal, um indivíduo juvenil da espécie Caretta caretta, a tartaruga-comum, apresentava uma boa condição física e evidências de alimentação recente, detetadas durante a análise do trato gastrointestinal. Na análise externa detetou-se uma ferida perfurante na carapaça, lesão esta coincidente com uma fratura da coluna vertebral na zona do pescoço. Assim, todos os indícios sugeriram que este animal tivesse sofrido uma morte traumática por colisão com uma embarcação.
Esta é uma das causas de morte verificadas em animais arrojados na costa algarvia, principalmente nos meses de verão, como consequência do aumento do tráfego marítimo.
Gostaríamos de agradecer, mais uma vez, a todas as entidades algarvias que de alguma forma contribuem para que o nosso trabalho continue a ser possível de realizar, nomeadamente: Capitanias da Polícia Marítima do Algarve, Câmaras Municipais, Empresas de Ambiente, Aterros Sanitários e Instituto para a Conservação da Natureza e Florestas (ICNF). Um agradecimento especial ao Corpo de Vigilantes da Natureza do Centro de Educação Ambiental de Marim, que nos tem facultado as deslocações no terreno.

Parasitas nos cetáceos
De acordo com o estado de decomposição dos cetáceos arrojados, a equipa da RAAlg recolhe diferentes tipos de amostras biológicas. Entre as várias categorias que fazem parte da amostragem, encontra-se a recolha de parasitas. Estes podem ser categorizados como endoparasitas ou ectoparasitas, de acordo com a zona do corpo onde são encontrados, isto é, se na parte interna ou externa do corpo, respetivamente. Após amostragem, os parasitas são preservados e armazenados, para que posteriormente se proceda à sua identificação.
A equipa da RAAlg tem vindo a identificar algumas das espécies de parasitas externos, dos quais são exemplo as cracas. A espécie Coronula diadema, uma das espécies de cracas identificadas, foi encontrada em duas baleias-de-bossa arrojadas durante os trabalhos da RAAlg, e a Xenobalanus globicipitis, uma outra espécie de craca, foi já detetada em espécies distintas de delfinídeos.
Para além destes, foram também identificadas duas espécies de “piolhos de baleia” os quais são crustáceos pertencentes à ordem dos anfípodes. A Cyamus boopis, um ectoparasita exclusivo da baleia-de-bossa, encontrado num indivíduo desta espécie arrojado em 2022, e a espécie Isocyamus deltobranchium, mais comummente observada em cetáceos com dentes (Odontocetes), encontrada numa orca cujo arrojamento foi registado no mesmo ano.
A recolha e análise dos parasitas detetados em animais arrojados, bem como a avaliação da carga parasitária dos mesmos, funciona como um complemento ao trabalho desenvolvido, fornecendo informações importantes no que respeita ao estado de saúde dos animais.

Arrojamento triplo 🐢🐢🐢
Na passada terça-feira, dia 14/02/2023, a equipa da RAAlg foi alertada para a presença de três tartarugas-marinhas arrojadas mortas, na Ilha Deserta, concelho de Faro. A resposta a estes arrojamentos foi dada de imediato, com a ajuda do Piquete da Polícia Marítima de Faro na deslocação e acompanhamento dos trabalhos no campo. Todos os animais pertenciam à espécie Caretta caretta, a tartaruga-comum, considerada a espécie de tartaruga-marinha mais abundante na costa algarvia. Apesar de ser frequente a sua passagem junto à nossa costa, sendo esta considerada uma importante zona de alimentação para esta espécie na sua rota migratória, o pico de arrojamentos da mesma em anos anteriores tem sido registado no período correspondente à primavera, coincidente com o aumento substancial da temperatura da água do mar. As causas das mortes destes animais são desconhecidas, contudo o local dos arrojamentos, junto ao Cabo de Santa Maria, é considerado uma zona hotspot para a ocorrência deste tipo de fenómenos devido às suas características topográficas.
Gostaríamos de agradecer à Unidade de Controlo Costeiro da Guarda Nacional Republicana, que nos notificou desta ocorrência e também ao Piquete da Polícia Marítima de Faro pelo acompanhamento e disponibilidade imediata.
