A tartaruga-de-couro (𝘋𝘦𝘳𝘮𝘰𝘤𝘩𝘦𝘭𝘺𝘴 𝘤𝘰𝘳𝘪𝘢𝘤𝘦𝘢) é a maior de todas a espécies de tartarugas-marinhas
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Tartaruga-de-couro (𝘋𝘦𝘳𝘮𝘰𝘤𝘩𝘦𝘭𝘺𝘴 𝘤𝘰𝘳𝘪𝘢𝘤𝘦𝘢)
Resultados - 1º semestre de 2024
A recolha e análise sistemática de dados de arrojamentos contribuem para uma melhor compreensão dos
Visita da AIMM ao laboratório da RAAlg
No âmbito de uma colaboração com a AIMM - Associação para a Investigação do Meio Marinho, os alunos
Outras notícias
Golfinho-comum vs golfinho-riscado
Para que um arrojamento ocorra é necessário que exista uma combinação de fatores climatéricos e oceanográficos tais como os ventos, as correntes, as marés, e até grau de decomposição do animal que pode possibilitar, ou não, o seu afundamento. Todas estas variáveis condicionam o encaminhamento dos animais na direção da costa. Estima-se que apenas 10-20% dos animais que morre no mar acaba, efetivamente, por arrojar.
O grau de decomposição dos animais que arrojam pode variar bastante, o que pode ser atribuído a vários fatores como a temperatura da água, o tempo que estes demoram a chegar à costa e o tempo entre o arrojamento e a sua deteção. Considerando que uma grande percentagem dos animais que arroja, na costa algarvia, apresenta um estado de decomposição moderado e avançado, muitas vezes torna-se difícil efetuar uma identificação precisa da espécie, principalmente quando se trata de distinguir entre espécies com características muito semelhantes.
Por exemplo, quando se trata distinguir um golfinho-comum (Delphinus delphis) de um golfinho-riscado (Stenella coeruleoalba) em decomposição avançada, quando a coloração da pele (característica que os distingue) já não nos permite fazê-lo, analisamos a fisionomia da parte interna da maxila superior (palato superior) do animal, a qual apresenta ligeiras diferenças nestas duas espécies, sendo por isso uma ajuda fundamental na identificação. O palato superior do golfinho-comum apresenta dois sulcos, o que não se verifica no golfinho-riscado.
“CORSICA”
No dia 17 de março, a RAAlg foi informada de que a polícia marítima de Lagos se deslocava por via marítima para a zona da praia do Burgau, concelho de Lagos, onde fora avistada uma orca (Orcinus orca) a flutuar, a pouca distância de costa. Ao ser confirmada a ocorrência, determinou-se que o animal seria rebocado para o porto de Lagos, içado com o auxílio de uma grua e encaminhado para o Aterro Sanitário do Barlavento, em Porto de Lagos, Portimão. Estas manobras foram acompanhadas pela Rede de Arrojamentos do Algarve, que se deslocou ao local, efetuando uma análise preliminar do animal.
Ainda nesse dia, por partilha de fotografias, o animal foi identificado como sendo a “Corsica” (018), orca fêmea, adulta, pertencente ao grupo de Gibraltar, subpopulação de Orca Ibérica.
A necrópsia foi realizada no Aterro Sanitário do Barlavento, em Porto de Lagos, Portimão, a 19 de março, após terem sido reunidas todas as condições para uma amostragem e necrópsia tão eficazes quanto possível.
Resultados da necrópsia:
Ao nível externo: Não foram encontradas quaisquer marcas que nos remetessem para a causa de morte. A barbatana peitoral direita estava amputada, alvo de uma ferida antiga e bem cicatrizada, que desde sempre lhe fora conhecida. O seu estado de decomposição era moderado, sendo detetado um prolapso uterino que terá sido causado pelos gases internos, após a morte. Apresentava uma carga parasitária considerada normal para uma fêmea adulta em perfeito estado de saúde.
Ao nível interno: Apresentava conteúdo estomacal abundante e por digerir, indicador de alimentação recente, o que nos remete para uma morte traumática. Nos pulmões, foi encontrada espuma de coloração avermelhada (edema pulmonar), indicador de asfixia por imersão, com causa desconhecida.
De salientar que estes resultados são ainda preliminares e carecem de mais tempo e estudo, uma vez que foram recolhidas amostras de vários órgãos internos para estudos histopatológicos complementares, os quais decorrerão em breve.
A Rede de Arrojamentos do Algarve regista assim o primeiro arrojamento desta espécie, para a costa algarvia.
Gostaríamos de agradecer a colaboração de todos os que de alguma forma contribuíram para que toda esta operação (remoção, necrópsia completa, amostragem e discussão dos resultados preliminares) fosse conseguida com sucesso, sendo eles:
Polícia marítima de Lagos, Câmara Municipal de Lagos, Sopromar-centro náutico, Aterro Sanitário do Barlavento, RIAS (Centro de Investigação e Recuperação de Animais Selvagens), Tragsatec de Huelva, CEMMA, Algarve Dolphin Lovers.
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On the 17th of March, the Stranding Network of the Algarve (RAAlg) was informed that the Lagos maritime police were travelling by sea to Praia de Burgau, a county of Lagos, where there were apparent sightings of a floating Killer Whale (Orcinus orca) at only a small distance of the coast. Confirming that it was indeed a killer whale, they determined that the animal would be towed to the harbor of Lagos, where it was hoisted out of the water and transported to the Barlavento Landfill in Porto de Lagos, Portimão. The Stranding network of the Algarve, who arrived at the scene, performed a preliminary external analysis of the animal and accompanied the mentioned procedures closely.
On the same day, by sharing photoidentification, the animal was identified as “Corsica” (018), an adult female of the Gibraltar group, a subpopulation of the Iberian Orca.
The necropsy was performed on the 19th of March in the Barlavento Landfill in Porto de Lagos, Portimão, only after all the conditions for an effective necropsy and proper sampling were met.
Necropsy Results:
External analysis: No exterior marks were found that would indicate a possible cause of death. The right pectoral fin was amputated as a result of an old and well healed wound, a well known and documented fact. The body was in a moderate state of decomposition, also detecting a prolapsed uterus caused by a post-mortem increase of internal pressure exerted by gases. The parasitic load was normal, considering a female adult with a good health condition.
Internal analysis: stomach content was abundant and not digested, results of recent feeding behavior, indicating a traumatic death. The lungs presented a reddish foam (pulmonary edema), indicating asphyxia due to immersion by an unknown cause.
It is important to mention that these are preliminary results and that more time and studies need to be performed. Various organs were sampled for complementary histopathological studies, which will occur soon.
This is the first ever stranding of this species recorded by the Stranding network of the Algarve.
We would like to thank everyone that contributed and collaborated during the various procedures of the successful operation (Removal, complete necropsy, sampling and discussion of preliminary results):
Lagos Maritime Police, Lagos Municipality, Nautical center Sopromar, Barlavento Landfill, RIAS (Centro de Investigação e Recuperação de Animais Selvagens),Tragsatec de Huelva, Cemma and Algarve Dolphin Lovers.
1º Mysticeti do ano a arrojar na costa algarvia
Na passada segunda-feira, dia 21 de março, a equipa da Rede de Arrojamentos do Algarve deu resposta ao arrojamento de uma baleia-anã, na Praia dos Alemães, em Albufeira. Este foi o primeiro arrojamento do ano, no que respeita a baleias de barbas.
A baleia-anã é o rorqual de menor porte pertencente à subordem taxonómica Mysticeti (cetáceos com barbas), embora possa atingir os 10 metros de comprimento. Apresenta um corpo alongado e uma cabeça pontiaguda. A sua coloração varia entre cinzento-escura na região dorsal e branca no ventre e flancos. A barbatana dorsal é proeminente, mas de pequena dimensão proporcionalmente ao corpo e as barbatanas peitorais apresentam uma mancha branca, característica da espécie. A sua boca possuí barbas, em vez de dentes, as quais usa para se alimentar, filtrando a água e retendo o alimento. A alimentação desta espécie é variada, podendo incluir pequenos crustáceos, cefalópodes e peixes de cardume. Geralmente são animais solitários, podendo aglomerar-se em alturas de migração e reprodução. Distribuem-se por ambos os hemisférios, podendo ocorrer tanto em águas oceânicas como costeiras.
Os avistamentos desta espécie nas proximidades da costa continental portuguesa são bastante frequentes e durante todo o ano, o que leva a crer que poderão já existir aqui, núcleos residentes. É a espécie de baleia de barbas mais abundante na nossa costa e, consequentemente, a que mais arrojamentos tem registado.
A baleia-anã arrojada no início desta semana, era um animal juvenil com cerca de 3.5 metros e apresentava um cabo a estrangular a maxila inferior, o que indicava uma interação recente com uma arte de pesca. No estômago o animal continha alguns sacos de plástico o que poderia vir a constituir um problema, caso o animal não tivesse morrido desta forma. De referir que a captura acidental e o lixo marinho são dos fatores antropogénicos mais relevantes no que se refere às causas de morte dos cetáceos a nível mundial, sendo o primeiro, a principal.