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Ingestão de plástico por tartarugas-marinhas

Ingestão de plástico por tartarugas-marinhas

A contaminação dos oceanos por resíduos de plástico, é uma das principais ameaças para a vida

Visita de equipa de investigação chinês à RAAlg

Visita de grupo de investigação chinês às instalações da RAAlg

No final de abril, a Associação para a Conservação da Vida Aquática do Boto do Yangtzé de Nanjing

ECS 2025

Participação na 36ª Conferência da European Cetacean Society

Na passada semana, o nosso coordenador de terreno e aluno de doutoramento, Jan Hofman, marcou

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15/06/2021

Arrojamento raro de baleia-de-bossa juvenil em Tavira

Na passada sexta-feira, dia 11 de junho de 2021, a equipa RAAlg foi informada pelo Comando Local da Polícia Marítima de Tavira que uma baleia se encontrava arrojada junto a Praia do Homem Nu, na Ilha de Tavira. Após efetuados os primeiros contactos e de uma troca de fotografias e vídeos do animal, constatamos de que se tratava de uma baleia-de-bossa (Megaptera novaeangliae).  De forma a garantir o melhor acompanhamento da situação, a equipa reuniu e contactou as entidades competentes que garantem a remoção destes animais nas praias desta região (Tavira Verde - Empresa Municipal de Ambiente E.M.). Foram seguidamente assim tomadas as diligências necessárias para uma deslocação ao terreno para ser possível realizar uma amostragem rigorosa. Por se tratar de uma espécie offshore e pouco frequente na nossa costa, este evento revelou-se uma oportunidade única para a recolha de informação científica.

A necrópsia realizou-se na manhã seguinte, dia 12 de junho, revelando que se tratava de um exemplar juvenil com 6,87m de comprimento, macho, ainda lactante, aparentando ser saudável e com uma boa condição física. Após uma análise minuciosa do corpo, foi observada na região dorsal uma grande zona com tecidos hemorrágicos e musculatura friável, indiciando que este animal sofreu algum tipo de trauma, muito provavelmente associado a uma colisão com uma embarcação. Por se tratar de um arrojamento numa zona complicada e de difícil acesso, o transporte do animal para um aterro sanitário apresentou questões logísticas que não foram possíveis ultrapassar. Desta forma, foi decidido pelas entidades envolvidas que a melhor solução seria o animal ser enterrado num local apropriado sem danificar o habitat, na ilha de Tavira.

Gostaríamos de agradecer toda a celeridade e prontidão de todas as entidades envolvidas após nosso contacto, nomeadamente a Polícia Marítima de Tavira e a Tavira Verde, sem as quais não seria possível resolver em tempo útil este caso, sem interferir com a atividade balnear.

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Inicio dos trabalhos necrópsia e remoção.
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Recolha de epibiota existente na pele da baleia para futura análise de espécies.

 

noticiabossa
09/06/2021

Gaivota-de-patas-amarelas reabilitada no RIAS.

Quando são realizadas patrulhas da zona costeira, a equipa da RAAlg tem muitas vezes encontros com aves debilitadas, na sua grande maioria gaivotas, que sem o tratamento adequado acabariam por não resistir às patologias. Apesar da grande logística associada com a patrulha de grandes extensões de praia a pé, e sem nenhum tipo de apoio de viaturas, a RAAlg tem trazido sempre inúmeras gaivotas para serem recuperadas no RIAS - Centro de Recuperação e Investigação de Animais Selvagens, em Olhão. Hoje pela manhã recebemos a excelente notícia de que uma ave por nós resgatada, uma gaivota-de-patas-amarelas (Larus michahellis), foi devolvida ao seu habitat em pleno da sua condição física.
As patrulhas de costa realizadas pela nossa equipa em zonas de difícil acesso, como são o caso das ilhas Barreira, principalmente num ano tão atípico devido a eventos pandémicos, são importantes para recolher informações importantes sobres as espécies que lá habitam. Estas ilhas são um importante refúgio para algumas aves marinhas, e atualmente existe um projeto denominado LIFE Ilhas Barreira, que estuda o estado das populações destas espécies e avalia a necessidade de medidas de conservação.

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Gaivota-de-patas-amarelas reabilitada no RIAS.

 

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@ Tata Regala
30/04/2021

Rede de Arrojamentos do Algarve – Resultados preliminares

A Universidade do Algarve, com apoios do FUNDO AMBIENTAL, reativou em outubro de 2020 a rede de arrojamentos do Algarve que se encontrava desativada desde 2017. Os trabalhos da RAAlg abrangem a área geográfica que incide na região Sul de Portugal Continental, de Vila Real de Santo António a Odeceixe. A RAAlg é composta por uma equipa técnica de biólogos especializados que promove uma melhor recolha de informação e de amostras de cetáceos e tartarugas marinhas arrojados mortos, deteção de causas de morte, contribuindo para aumento de conhecimento sobre espécies marinhas protegidas dependentes do litoral português. Com o apoio, parceria e colaboração do ICNF, a RAAlg tem acesso a dois laboratórios no Parque Natural da Ria Formosa, na Quinta de Marim em Olhão, para poder efetuar necrópsias e armazenar amostras recolhidas.

Desde a sua reativação, em cerca de 6 meses de trabalho, a RAALG recebeu alertas para o registo de 39 cetáceos e 21 tartarugas marinhas, todos arrojados mortos ao longo da costa Algarvia. No caso dos cetáceos, foram registadas 5 espécies de odontocetos (cetáceos com dentes): golfinho comum (Delphinus delphis), roaz-corvineiro (Tursiops truncatus), bôto (Phocoena phocoena), baleia-piloto-de-barbatana-curta (Globicephala macrorhynchus) e golfinho-riscado (Stenella coeruleoalba); e 2 espécies de misticetos (baleias de barbas): baleia-sardinheira (Balaenoptera borealis) e baleia-comum (Balaenoptera physalus). O estado avançado de decomposição limitou a identificação de alguns indivíduos tendo sido apenas possível a determinação da sub-ordem (odontoceto ou misticeto não identificado) ou família. As espécies de cetáceos que arrojaram com mais frequência foram: Golfinho-comum (38%) e Roaz-corvineiro (13%) (Fig.1)

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Fig.1 Frequência de ocorrência das espécies de cetáceos arrojados mortos no período compreendido entre Outubro 2020 - Abril 2021. Valores em %. NI - Não Identificado

 

Relativamente às causas de morte na grande maioria dos casos não foi possível determinar a causa de morte (74%) principalmente pelo avançado estado de decomposição do animal ou resultados inconclusivos. No entanto, quando foram encontradas evidências, os casos mais frequentes estão relacionados com trauma (antropogénico ou outros; 13%), captura acidental (8%) e Captura Acidental Provável (3%). Existem também algumas situações onde não nos foi possível examinar o animal por indisponibilidade dos biólogos que se encontravam noutras ocorrências, ou porque o animal estava em local inacessível (3%) (Fig.2).

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Fig.2 Causas de morte mais frequentes das espécies de cetáceos arrojados mortos no período compreendido entre Outubro 2020 - Abril 2021. Valores em %. NI - Não identificado

 

No caso das tartarugas marinhas, apenas duas espécies foram registadas. A tartaruga-comum (Caretta caretta) foi a espécie mais representada, perfazendo 80% dos arrojamentos e os restantes 20 % correspondendo a tartarugas-de-couro (Dermochelys coriacea) (Fig.3).

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Fig.3 Frequência de ocorrência das espécies de tartarugas marinhas arrojadas mortas no período compreendido entre Outubro 2020 - Abril 2021. Valores em %.

 

Tal como nos cetáceos, na grande parte das necrópsias efetuadas às tartarugas-marinhas não foi possível chegar a uma causa de morte (85%). Todavia, quando as necrópsias foram conclusivas, as causas de morte mais frequentes são a Captura acidental provável (10%) e a Captura acidental (5%) (Fig.4).

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Fig.4 Causas de morte mais frequentes das espécies de tartarugas marinhas arrojadas mortas no período compreendido entre Outubro 2020 - Abril 2021. Valores em %.

 

Estes resultados são preliminares e continuam em avaliação. A utilidade de uma rede local de arrojamentos e da sua contribuição para a conservação e melhor gestão, neste caso de espécies marinhas protegidas (cetáceos e tartarugas marinhas), é importante e quer-se continuada por longos períodos de tempo. Assim avançamos na nossa missão. Agradecemos a todas as entidades e cidadãos que têm feito chegar a nós os alertas, ou proporcionando-nos condições para melhor acedermos aos animais arrojados e os possamos analisar. Não se esqueçam de consultar a nossa página www.raalg.pt e de introduzir alertas sempre que encontrem um cetáceo ou tartaruga marinha arrojada morta.

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@ Ana Marçalo