Ainda acerca da tartaruga-verde (Chelonia mydas) cuja necropsia decorreu no âmbito do 22º Encontro Nacional de Ecologia, nas instalações da RAAlg:
Esta espécie está entre as três espécies de tartarugas-marinhas registadas para a costa algarvia, sendo de todas a menos frequente. Este raro arrojamento foi detetado em pleno Parque Natural da Ria Formosa, na Quinta de Marim, junto ao moinho de maré. O animal não apresentava qualquer lesão externa que nos permitisse concluir acerca da causa de morte, contudo, a análise interna revelou alguns indícios que apontavam para uma morte resultante de fatores antropogénicos. A avaliação da condição corporal permitiu concluir que o animal se apresentava magro, sendo o tecido adiposo pouco abundante. No trato digestivo, mais precisamente na extremidade final do estômago, foram encontrados vários fragmentos de plástico de tamanho considerável (relativamente à dimensão do animal), originando uma obstrução na ligação do mesmo com o intestino e impedindo assim a passagem dos alimentos. Apesar de não ser considerada como uma das principais causas de morte para as tartarugas-marinhas analisadas no decorrer do projeto, a deteção de resíduos de plástico nos conteúdos estomacal e intestinal destas espécies é bastante frequente. A interação com o lixo marinho, seja por ingestão, asfixia ou emaranhamento neste tipo de resíduos é um dos principais desafios que estas espécies enfrentam atualmente.