Para que um arrojamento ocorra é necessário que exista uma combinação perfeita de vários fatores atmosféricos e oceanográficos, tais como os ventos, as correntes, as marés, a temperatura da água, entre outros, que fazem com que o cadáver possa aproximar-se ou afastar-se da costa, ou ainda afundar na coluna de água. Estima-se que apenas 10 a 20% dos animais que morrem no mar acabam efetivamente por arrojar, facto este que avulta a necessidade de conservação de algumas das espécies de cetáceos e tartarugas-marinhas que se encontram ameaçadas de extinção.
O padrão de arrojamentos de cetáceos e tartarugas marinhas na costa Algarvia verificado ao longo dos anos tem sido bastante variável, o que pode dever-se a muitos fatores descritos anteriormente, aliados também à capacidade de deteção e ao eficaz encaminhamento destas ocorrências. O terceiro trimestre do ano, que inclui o período de verão, é caracterizado por ser a época do ano na qual o registo de arrojamentos no Algarve toma maiores proporções. O aumento da concentração de pessoas junto à costa, característico do verão, maximiza o número de arrojamentos detetados e o encaminhamento dos mesmos para as entidades competentes. Contudo, existiram anos em que este pico não se verificou, contrariando a tendência habitual. Este ano, o número de arrojamentos nos meses de verão foi atípico para a RAAlg desde que foi reativada a rede em 2020, com apenas 11 cetáceos e 4 tartarugas-marinhas registados ao longo dos últimos três meses. Várias são as causas que podem estar associadas a estes resultados, entre as quais a possibilidade de deslocação dos animais para zonas mais afastadas da costa, por escassez de alimento, incorrendo em menos perigos potenciais como a pesca, uma das principais causas de morte descritas para os animais arrojados na costa algarvia.