21/07/2022

Arrojamento de baleia-anã adulta

No passado dia 2 de julho recebemos vários alertas por parte de empresas de atividade marítimo-turística, para a presença de uma baleia-anã adulta, morta, à deriva, a algumas milhas da costa, ao largo de Armação de Pêra. Apesar dos esforços no sentido de rebocar o animal para o porto de pesca mais próximo, conscientes dos perigos que um animal de tal porte pode causar na navegação, o animal acabou por arrojar na Praia Grande de Pêra, concelho de Silves, no dia seguinte. Embora o animal já se encontrasse em avançada decomposição aquando da realização da necrópsia, o que acarreta uma dificuldade acrescida na análise e avaliação da causa de morte, concluiu-se que a morte foi de origem traumática indeterminada.

A baleia-anã (Balaenoptera acutorostrata) é o rorqual de menor porte pertencente à subordem taxonómica Mysticeti (cetáceos com barbas), podendo atingir os 10 metros de comprimento. Apresenta um corpo alongado e uma cabeça pontiaguda. A sua coloração varia entre cinzento-escura na região dorsal e branca no ventre e flancos. A barbatana dorsal é proeminente, mas de pequena dimensão proporcionalmente ao corpo e as barbatanas peitorais apresentam uma mancha branca, característica da espécie. A sua alimentação é variada, podendo incluir pequenos crustáceos, cefalópodes e peixes de cardume. Geralmente são animais solitários, podendo aglomerar-se em alturas de migração e reprodução. Distribuem-se por ambos os hemisférios, podendo ocorrer tanto em águas oceânicas como costeiras.

Os avistamentos desta espécie nas proximidades da costa continental portuguesa são bastante frequentes e durante todo o ano, o que leva a crer que alguns núcleos sejam residentes. É a espécie de baleia de barbas mais abundante na nossa costa e, consequentemente, a que mais arrojamentos tem registado ao longo dos anos, principalmente no que respeita a indivíduos juvenis.

Para o Algarve, a distribuição temporal dos arrojamentos desta espécie ao longo dos últimos 12 anos apresenta-se heterogénea, oscilando entre anos com poucos registos (e.g. 2012, 2013, 2019 e 2021) com anos com mais ocorrências (e.g. 2010 e 2020). No presente ano, os registos sugerem valores aproximados ao período entre 2014-2018, tendo sido este o período onde ocorreu alguma estabilização das ocorrências. Em termos de distribuição sazonal apresenta um pico de arrojamentos no segundo trimestre do ano, particularmente no mês de maio, o que sugere que a costa algarvia possa ser um corredor migratório e zona de alimentação importante para a espécie, nessa altura do ano. A captura acidental em artes de pesca é considerada a principal causa de morte para esta espécie.

Baleia anã adulta

Padrão arrojamentos baleia-anã

 

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